ESCATOLOGIA
AULA 8 – 04 Set 2018
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DE PROFECIAS – (pág 3 a 7)
Na última aula vimos que a divergência entre os
pré-tribulacionistas e os pós-tribulacionistas surgiu devido a
forma como um e outro interpreta as Escrituras e mais especificamente
as profecias bíblicas. Para os primeiros a interpretação literal é
a forma mais correta, para os outros nem sempre podemos fazer este
tipo de leitura da Bíblia, pois há momentos em que o simbolismo, a
alegoria é utilizada e, por isso o exegeta terá de utilizar este
recurso para ter uma visão correta do que o autor bíblico quis
informar ao povo de Deus.
Como já dissemos, não é somente no Apocalipse que encontramos a
Escatologia Bíblica, entretanto é neste livro que ficam mais
evidentes as dificuldades de interpretação das profecias. A começar
pelos destinatários da mensagem: seriam as sete igrejas, denominadas
no cap. 1, as únicas para quem o autor queria entregar as palavras
da profecia, ou seria todo o povo escolhido de todas as eras e até
para nós hoje?
MIRANDA (2013) declara que naquela época já haviam as igrejas de
Jerusalém, Antioquia, Roma, Colossos e outras, chegando a um total
de até 20 localidades das quais não são citadas no livro; A
perseguição aos cristãos de uma forma geral só ocorreu na metade
do século II e início do século III com Diocleciano; até nos
nossos dias existem cristãos sendo perseguidos e mortos em diversas
partes do mundo; o Apocalipse é o único livro que promete benção
a todo aquele que ouve a mensagem do livro (Ap 22.18-19). Então
podemos afirmar que este livro não foi escrito só para os cristãos
da época do escritor, mas para toda a igreja de Cristo espalhada por
toda a terre em todas as épocas.
O idioma original é o grego koiné, que por si só já oferece uma
dificuldade de interpretação, devido a sua complexidade e riqueza
de palavras e significados e por ser uma língua que não é mais
falada nos dias atuais.
Existem dois métodos principais de interpretação, embora com
variações: o método alegórico e o método literal.
1. O método alegórico: nega ou despreza o sentido histórico e a
tônica recai no sentido secundário do texto, ou seja, aquilo que
você lê, não é aquilo que você lê. Tem algo oculto, nas
entrelinhas. Neste sentido a Bíblia não é a autoridade máxima,
mas a mente do intérprete. Ex. A travessia do Mar de Juncos (Mar
Vermelho).
2. O método literal: dá a cada palavra o mesmo sentido exato como
é empregada, do modo escrito, oral ou conceitual. Refere-se a fatos
e desconsiderá-los é anular as palavras de Deus. Ex. A travessia do
Mar de Juncos (Mar Vermelho).
O sentido literal é o mesmo em todas as línguas. Todos os sentidos
secundários dependem do sentido literal prévio dos termos. É o
único freio à imaginação do homem. Dentro desta visão, o Novo
Testamento faz uso do Antigo Testamento em sentido literal e as
figuras de linguagem devem ser empregadas para revelar os sentidos
literais. Por exemplo: Ap 1.16 é dito que “… uma espada afiada
de dois gumes saía de Sua boca...” e isto literalmente é um
simbolismo para o juízo do final dos tempos (CAITANO, 2010).
As palavras podem ter significado literal em uma passagem e
simbólico em outra. Ex. Sl 8.3 e Ap 1.20 (estrela). O texto pode ser
simbólico ou literal simultaneamente. Ex. A história de Abraão
levando Isaac para o sacrifício pode ser interpretada alegoricamente
e literalmente. Um símbolo pode ter mais de um sentido
alternadamente. Um texto pode estar até em contrário a outro
sentido Ap 5.5 (o leão representa Jesus) e I Pe 5.8 (o leão
representa o Diabo).
Diante de tantas alternativas, fica patente a diversidade de
interpretações que um texto profético pode ter. Por isso os
teólogos criaram uma espécie de dicionário de símbolos
proféticos, que nos ajudam a direcionar nossa visão para
interpretar o mais corretamente possível a literatura profética.
Édison da Silva Gonçalves é Bacharel em Teologia, Pastor e Professor do Seminário Teológico Bispo José Alfredo, em Realengo, Rio de Janeiro.
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