terça-feira, 18 de setembro de 2018

ESCATOLOGIA - AULA 8 - MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DE PROFECIAS


ESCATOLOGIA

AULA 8 – 04 Set 2018

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DE PROFECIAS – (pág 3 a 7)

Na última aula vimos que a divergência entre os pré-tribulacionistas e os pós-tribulacionistas surgiu devido a forma como um e outro interpreta as Escrituras e mais especificamente as profecias bíblicas. Para os primeiros a interpretação literal é a forma mais correta, para os outros nem sempre podemos fazer este tipo de leitura da Bíblia, pois há momentos em que o simbolismo, a alegoria é utilizada e, por isso o exegeta terá de utilizar este recurso para ter uma visão correta do que o autor bíblico quis informar ao povo de Deus.
Como já dissemos, não é somente no Apocalipse que encontramos a Escatologia Bíblica, entretanto é neste livro que ficam mais evidentes as dificuldades de interpretação das profecias. A começar pelos destinatários da mensagem: seriam as sete igrejas, denominadas no cap. 1, as únicas para quem o autor queria entregar as palavras da profecia, ou seria todo o povo escolhido de todas as eras e até para nós hoje?
MIRANDA (2013) declara que naquela época já haviam as igrejas de Jerusalém, Antioquia, Roma, Colossos e outras, chegando a um total de até 20 localidades das quais não são citadas no livro; A perseguição aos cristãos de uma forma geral só ocorreu na metade do século II e início do século III com Diocleciano; até nos nossos dias existem cristãos sendo perseguidos e mortos em diversas partes do mundo; o Apocalipse é o único livro que promete benção a todo aquele que ouve a mensagem do livro (Ap 22.18-19). Então podemos afirmar que este livro não foi escrito só para os cristãos da época do escritor, mas para toda a igreja de Cristo espalhada por toda a terre em todas as épocas.
O idioma original é o grego koiné, que por si só já oferece uma dificuldade de interpretação, devido a sua complexidade e riqueza de palavras e significados e por ser uma língua que não é mais falada nos dias atuais.
Existem dois métodos principais de interpretação, embora com variações: o método alegórico e o método literal.
1. O método alegórico: nega ou despreza o sentido histórico e a tônica recai no sentido secundário do texto, ou seja, aquilo que você lê, não é aquilo que você lê. Tem algo oculto, nas entrelinhas. Neste sentido a Bíblia não é a autoridade máxima, mas a mente do intérprete. Ex. A travessia do Mar de Juncos (Mar Vermelho).
2. O método literal: dá a cada palavra o mesmo sentido exato como é empregada, do modo escrito, oral ou conceitual. Refere-se a fatos e desconsiderá-los é anular as palavras de Deus. Ex. A travessia do Mar de Juncos (Mar Vermelho).
O sentido literal é o mesmo em todas as línguas. Todos os sentidos secundários dependem do sentido literal prévio dos termos. É o único freio à imaginação do homem. Dentro desta visão, o Novo Testamento faz uso do Antigo Testamento em sentido literal e as figuras de linguagem devem ser empregadas para revelar os sentidos literais. Por exemplo: Ap 1.16 é dito que “… uma espada afiada de dois gumes saía de Sua boca...” e isto literalmente é um simbolismo para o juízo do final dos tempos (CAITANO, 2010).
As palavras podem ter significado literal em uma passagem e simbólico em outra. Ex. Sl 8.3 e Ap 1.20 (estrela). O texto pode ser simbólico ou literal simultaneamente. Ex. A história de Abraão levando Isaac para o sacrifício pode ser interpretada alegoricamente e literalmente. Um símbolo pode ter mais de um sentido alternadamente. Um texto pode estar até em contrário a outro sentido Ap 5.5 (o leão representa Jesus) e I Pe 5.8 (o leão representa o Diabo).
Diante de tantas alternativas, fica patente a diversidade de interpretações que um texto profético pode ter. Por isso os teólogos criaram uma espécie de dicionário de símbolos proféticos, que nos ajudam a direcionar nossa visão para interpretar o mais corretamente possível a literatura profética.




Édison da Silva Gonçalves é Bacharel em Teologia, Pastor e Professor do Seminário Teológico Bispo José Alfredo, em Realengo, Rio de Janeiro.

Nenhum comentário: