quinta-feira, 23 de novembro de 2017


 “Não terás outros Deuses
(esboço da lição 3, da revista os 10 mandamentos)
 
Texto Áureo: Dt 6.4

Texto Bíblico básico: Dt 5.6,7 / 6.1-6


PALAVRA INTRODUTÓRIA

Por quê escrever os 10 mandamentos?
Em todo lugar existem leis: universo, trânsito, saúde, civis, selva, etc. A lei de Deus é primordial ao homem. Ele é um Deus de ordem.
Quem os escreveu ou quem deu essa lei?
Toda a Bíblia foi escrita por mais ou menos 40 homens, mas os 10 mandamentos foram escritos diretamente por Deus (Ex 31.18 / Dt 10.1-5) em duas tábuas de pedra, 4 mandamentos em uma e 6 na outra. Os 4 primeiros mandamentos têm a ver com o nosso relacionamento de amor para com Deus e os outros 6 têm a vem com o nosso relacionamento de amor para com o próximo, pois o princípio básico da lei é o amor (I Jo 5.2-3).
Alguns mandamentos são aceitos, outros questionados e outros rejeitados.
É possível cumprir os 10 mandamentos sem ser convertido? sim, mas não tem valor (Mc 10.17ss), porque não os guarda no princípio básico da lei que é o amor. A lei não salva. o que salva é andar com Jesus, é renunciar a si mesmo. Mt 28.20 / Rm 13.10 / Gl 5.14.
Então porque Deus deixou os 10 mandamentos?
É isso que vamos começar a entender, a partir da aula de hoje.
Como objetivos a lição nos apresenta que, ao final da lição deveremos entender devemos amar a Deus e adorá-lo de todo coração e sinceridade.
Nesse caso não há livre arbítrio. É Deus e pronto.

I. AUTORIDADE DA LEI

ponto 2. Na introdução dos mandamentos Deus se apresenta ao povo, dizendo quem Ele é (Dt 5.6). Ele se dirige ao seu povo na segunda pessoa do singular, porque a responsabilidade de servi-lo é pessoal e o texto se refere não somente ao indivíduo, mas à nação (igreja).
ponto 3. A ideia de que esta declaração foi só para Israel nacional ou tribal é falsa, porque Deus é o Senhor do universo. Então Israel representa todos os seres humanos de todos os tempos.
ponto 4. A libertação do Egito deve levar-nos a aguardar o retorno de Cristo como nosso libertador, agora e na segunda vinda (Jo 8.36 / Cl 1.13-14 / I Ts 5.9).


II. O PRIMEIRO MANDAMENTO
ponto 1. Na introdução dos mandamentos Deus se apresenta ao povo, dizendo quem Ele é (Dt 5.6). Deus não é egoísta; Ele é exclusivista; não tem outro; é único. É como se você estivesse num lugar que só tem uma cadeira: não há outro lugar para sentar.

ponto 2. O Egito e as outras nações possuíam vários deuses. Deus quer que Israel seja diferente. Quando ele declara o primeiro mandamento, em primeiro lugar, quer nos dizer que qualquer coisa que colocarmos entre Deus e nós, torna-se um deus (Gn 22.2). Tem pessoas que sabem tudo sobre a vida de artistas, escalação de times campeões do futebol, dedicam-se ao trabalho incessantemente, mas não conhecem os mandamentos de Deus.
ponto 3. Por viver numa terra cheia de deuses, Israel foi morar num local isolado da idolatria (Gn46.34). Isso nos ensina que devemos fazer o mesmo. (Jr 51.45 / Ap 18.4)



          III. EXEGESE DO PRIMEIRO MANDAMENTO
        ponto 2. a expressão "diante de mim" não quer dizer que podemos adorar a outros deuses longe de Deus, mas mostrar que somente Ele é Deus. Não há nenhum outro. (Is 45.6, 14, 21; Jo 17.3; I Co8.6)


          IV. O MONOTEÍSMO

        ponto 1. O objetivo era estreitar a relação de Deus com os filhos de Israel, já que eles só conheciam as leis dos outros povos, com respeito à adoração de seus deuses. Eles precisavam ser instruídos para viver em obediência na terra que iriam conquistar.

      ponto 2. Jesus declara que este é o primeiro e grande mandamento. Mc 12.29-30.

      ponto 3. O eterno é um só. Isso contradiz a doutrina da Trindade? (Cl 2.2,9 / II Co 5.19 / Is 44.6 / Jo 10.30 / Ap 22.13 / Jo 1.1 / I Jo 5.20 / Tt 2.13 / At 5.3-4 / Cl 1.16 / Jo 1.3 / I Pe 1.1 / I Co 8.6 /
       Tudo o que se diz de uma Pessoa é como que se as outras não existissem. O fato de que cada Pessoa possui todas as características divinas e de maneira tão completa que pareceria que nenhuma outra precisaria possuí-las, declara a distinção existente entre as Pessoas.
        Por outro lado, o fato de que elas todas manifestam estas características de maneira idêntica e na mesma medida, declara a Unidade da qual o seu modo de existência brota.


CONCLUSÃO
         Deus se revela como o Nosso Senhor e requer adoração exclusiva. Mt 6.24 - Jesus nos ensinou que ninguém é feliz servindo a dois senhores.


Édison da Silva Gonçalves é Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Cristo para as Nações.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017


O ministério dos anjos
Lc 1.8-23

- 1820: Joseph Smith viu o anjo Moroni. Daí surgiu o Livro dos Mórmons;
- no século V d.C. Mohamed viu um anjo que lhe trouxe uma mensagem que não estava nem judaísmo, nem no cristianismo. Daí surgiu o Islamismo;
- as Testemunhas de Jeová reivindicam ter suas doutrinas sido dadas por anjos;
- Ellen White alega que era acompanhada por um anjo, que lhe ditava as doutrinas que depois serviriam para as bases do Adventismo do 7º dia.
- muitos que se intitulam Apóstolos nos EUA dizem que receberam visitas de anjos que os direcionaram a adotarem este título;
- muitas pessoas dizem que viram anjos na atualidade;
Ou seja este é um assunto bastante relevante para os nossos dias.

. Quem era Zacarias? Um sacerdote em Israel. Havia mais de 18.000 sacerdotes e, por sorte, na vez dele lhe apareceu o anjo Gabriel trazendo boas notícias: o nascimento de João, o batista. Foi sorte mesmo?
. Zacarias duvida e foi punido pelo anjo com a mudez.


O que podemos esperar dos anjos hoje?
1. Quem são eles?
a) são seres de uma raça diferente e superior à nossa; [II Pe 2.11]
b) foram criados em algum momento por Deus, semelhantemente a todas as coisas, antes de nós; [Cl 1.1-17].
c) são seres pessoais, isto é, possuem nomes: Gabriel, Miguel, etc. [Dn 12.1; Lc 1.26]
d) são seres inteligentes, racionais. [Lc 2.13-14; I Co 13.1; Mt 25.41; II Pe 2.4]
e) são invisíveis, mas têm o poder de se manifestar [Lc 1.11, 28-38].
f) Eles aparentemente não possuem corpos definidos
1) aparecem como homens [Gn 18.2; Lc 24.4];
2) com forma não comum, assustadora, para Zacarias [Lc 1.12] e Ezequiel [Ez 10.21-22].
g) são seres imortais: no livro de Daniel, 500 anos antes de Cristo, Gabriel já existia e continuava existindo no tempo de Jesus. [Dn 12.1; Lc 1.19]
h) são seres mais poderosos do que nós: no AT houve um anjo que dizimou um exército inteiro [II Rs 19.35]; emudeceu a Zacarias [Lc 1.20].
i) eles têm organização hierárquica:
1) Anjos: são mensageiros [Ap 14.6-7]; servem a Deus e aos homens [Sl 34.7]; eram puros, mas se rebelaram [Jd 6].
2) Arcanjo: a partícula arc = chefe; [Jd 9, I Ts 4.16]. alguns estudiosos acreditam que há apenas 1 Arcanjo: Miguel;
3) Querubins: a palavra significa guardar, proteger. [Sl 18.6-10; Ez 10.16; Ap 4.8; Ez 10.20-21; Ez 41.18];
4) Serafins: a palavra significa consumir com fogo, queimador. São os adoradores, os cantores do Trono de Deus. [Ez 10.14; Is 1.6];
j) eles estão ao nosso redor [Sl 34.7; I Pe 5.8; I Jo 4.4].

2. São mensageiros de Deus, enviados.
A palavra Anjo vem de ‘angelos’ ou ‘ mal’ac’ que significa mensageiro.
Foram criados para benefício da redenção humana
a) no AT: na libertação do Egito, no deserto de dia e de noite [Ex 14.19]; a Jacó [Gn 32.24]; a Josué [Js 5.13], aos pais de Sansão [Jz 13.1-5], etc;
b) no NT: a Zacarias [Lc 1.11], a Maria [Lc 1.26-27], a José em sonho [Mt 1.20-21], a Jesus no Getsêmani [Lc 2242-43], às mulheres, após a ressurreição [Lc 24.4], apareceram em Atos a Paulo [At 27.23] e soltou Pedro da prisão [At 12.7], etc.

3. A visitação de um anjo equivale à presença de Deus.
a) Abraão discute com o anjo como se fosse o próprio Deus [Gn 18.22-33];
b) Jacó luta com o anjo e depois pede para ser abençoado como se fosse o próprio Deus [Gn 32.26].
c) João no Apocalipse quis adorar ao anjo [Ap 22.8-9];
d) Profetiza e castiga a Zacarias, no texto que estamos estudando [ Lc 1.20].

4. Qual deve ser a nossa atitude com os anjos hoje? Hb 1.14.
Uma parte dos anjos rebelou-se contra Deus e a raça humana [Jd 6]. Hoje eles agem com o poder que têm para enganar e afastar o homem de Deus [Ap 12.9; I Tm 4.1].
Se um anjo nos aparecer, a primeira coisa que devemos fazer é: saber se ele é do bem ou do mal [II Co 11.14-15].
O NT nos orienta a ter cautela. Sem incentivos ao contato. Não há orientação para orar, solicitando ou pedindo a presença de anjos. Gl 1.6-9; II Co 11.13-14.
Devemos ter em mente que:
a) os anjos podem aparecer pregando [I Tm 4.1];
b) eles têm a capacidade de se transformar em anjo de luz [ II Co 11.13].
Quem nos garante que nos centros espíritas são os mortos mesmo que aparecem? E os discos voadores, não seriam manifestações angelicais? Será que eles têm poder de curar? Uma coisa é certa: o culto aos anjos é proibido. [Cl 2.16-18]


Conclusão
- cuidado com as aparições de anjos;
- cuidado com os novos ensino;
- se quisermos ter experiências sobrenaturais, vamos ler a Bíblia.

Édison da Silva Gonçalves é Bacharel em Teologia, pelo Seminário Teológico José Alfredo e Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Cristo para as Nações. 

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=4597ppP5pbY

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Os dias antes do dilúvio
Gênesis 6.1-13

Introdução – Este trecho traz um relato das condições que levaram ao dilúvio. Aqueles dias se assemelhavam com a época em que nós vivemos hoje.

I. O sal se tornou insípido – v. 1-2
O povo de Deus é a força que preserva os valores em uma sociedade [Mt 5.13]. Quando os que professam ser santos começam a perder e a comprometer seu testemunho, os tempos se tornam desesperadores. Isto é o que ocorreu antes do dilúvio. Em Gênesis 4, percebe-se que os descendentes de Caim, embora se destacassem em algumas áreas da cultura, desviaram-se mais e mais de Deus e daquilo que era correto. Em Gênesis 4.26 nota-se que nos dias de Enos eles se separaram para a adoração pública. Eles foram o sal da terra. Por isso, em Gênesis 5.6-32, a lista dos descendentes de Sete mostra que a maioria deles era temente a Deus.
O triste relato da decadência espiritual da humanidade daquela época, teve início quando eles começaram a se casar somente com base na atração física [Gn 6.1-2]. Em todas as épocas. Deus tem pedido ao seu povo que somente se casem com aqueles que servem da mesma maneira ao Deus verdadeiro. Isto é para o conforto e crescimento espiritual deles, como também para benefício de suas crianças [Deuteronômio 7.2-4; Êxodo 34.14-16; I Coríntios 7.39; II Coríntios 6.14].
Alguns estudiosos consideram que os filhos de Deus aqui retratados seriam anjos caídos que se relacionaram com as filhas dos homens, mas esta teoria contraria o que diz Mc 12.25, pois Jesus ensina que, na ressurreição, nós seremos como os anjos. E como estes não mudaram sua essência desde a criação, não procede crer que foram eles que coabitaram com as filhas dos homens antes do dilúvio.
Também precisamos considerar o contexto da narrativa, que está falando de dois tipos de pessoas, os descendentes de Caim [filhos dos homens] e os descendentes de Sete [filhos de Deus].

II. As condições do homem – v. 3-5
A – O estado do homem antes do dilúvio – Dt 31.18; Sl 44.23-24; Is 1.15; 59.2; 64.7; Ez 39.23; Mq 3.4.
O fato do homem desobedecer as ordenanças resultou na recusa de Deus em continuar a agir preventivamente na vida humana. Era um aviso às próximas gerações de que a entrega às suas paixões levaria o homem a sofrer o castigo divino. Eles possuíam Noé, como pregoeiro da salvação, mas preferiram não dar ouvidos a ele [II Pe 2.5]. O decreto de abreviar os anos vividos pelo ser humano foi implantado e, a partir dali, o homem conta com esse período de vida para se arrepender. Eles ignoraram e sofreram a condenação do dilúvio.
O versículo 4 comprova que os gigantes andavam pela terra [Gn 14.5; Nm 13.22,28,33; Dt 1.28; 2.10-11; 9.2; Js 11.21-22; I Sm 17.4; II Sm 21.16]. Estes homens duraram até o tempo de Davi.
Os filhos dos casamentos mistos se tornaram famosos na sociedade, mas não diante de Deus. As pessoas casavam e davam-se em casamento, porém as coisas de Deus acabavam ficando em segundo plano.
O versículo 5 revela que a mente dos homens tornou-se um esgoto do pecado. Aliás, a corrupção do homem após o pecado, diferentemente do que muitos acreditam, o tornou intimamente mau [Gn 8.21].
B – Os dias de Noé hoje – Lc 17.26.
Nosso Senhor apontou que as características da vida antes do dilúvio reapareceriam antes da Sua segunda vinda. Tendo em vista as condições atuais, isto nos instiga a olharmos para a vinda de Cristo. Muitos ignoram os avisos que a igreja tem dado, agindo por suas próprias consciências, recusando-se a tirar proveito da maravilhosa misericórdia de Deus. Coisa semelhante acontece nos dias de hoje. Note as características mencionadas.

  1. Preocupação com o prazer físico – Lc 17.27;
  2. Explosão do conhecimento – Gn 4.22;
  3. Atitudes materialistas – Lc17.28;
  4. Rejeição à palavra de Deus – I Pe 3.19;
  5. Aumento da população – Gn 6.1 e 11;
  6. Propagação da violência – Gn 6.11-13;
  7. Atividade sexual ilícita – Gn 4.19;
  8. Disseminação da blasfêmia – Jd 15.

III – O arrependimento de Deus – v. 6-7
O versículo 6 nos diz que Deus se arrependeu ou mudou sua vontade a respeito da criação do homem. É claro que isto é linguagem de antropomórfica, ou seja, Deus está falando como se fosse homem. Estritamente falando, Deus nunca muda Sua vontade, pois Seus planos são eternos e imutáveis [I Sm 15.29; Rm 11.29].
Esta forma de linguagem é usada para nos ajudar a entender a mudança que ocorreu no homem desde a criação, bem como a ira de Deus sobre o seu pecado. Mesmo Deus tendo criado o homem, Ele deve julgá-lo pelos seus pecados. E como Ele falou pelo profeta Jeremias, o seu julgamento está condicionado a atitude do homem em se arrepender ou não do que houver feito de mau contra Deus. O 'fazer desaparecer' do versículo 7 tem a ver com a forma que Deus quer tratar com o homem; obediência gera bênção, desobediência gera maldição [Dt 28.63; 29.20]. o arrependimento de Deus está condicionado em ver que o homem mudou depois do pecado, a tal ponto que não tem outra solução a não ser a morte.

IV. A graça – v. 8
Aqui temos a primeira menção da graça na Bíblia. Ela ocorre durante a época da maior depravação do homem [Rm 5.20-21]. A graça de Deus pode parecer muito restrita aqui, mas vamos lembrar que através deste único homem, a raça humana foi preservada. Muitos, quando leem o versículo 8, veem somente a justiça de Deus em não destruir um homem justo juntamente com o ímpio. Entretanto, isto está longe do significado da graça. Na verdade, Noé era um homem justo [v.6], mas lembre-se de que foi a graça de Deus que o fez assim [I Co 15.10], ou seja, ele foi um escolhido de Deus para a realização desta obra. [Fl 2.13; I Co 12.6; Ef 1.5]

V. A família de Noé – v. 9-10
As Escrituras nos dão algumas informações a respeito de Noé. Ela nos fala de sua vida justa e de seu caminhar com Deus [v. 8-12]; sua obediência quando recebeu uma tarefa [v. 14,22; 7.5]; foi lembrado Deus e salvo da morte [Gn 8.1]; trabalhou pela fé por sua salvação [Hb 11.7]; advertiu seus vizinhos acerca do juízo [I Pe 2.5]; edificou o primeiro altar de que há registro [Gn 8.20]; e foi honrado pelo Senhor com uma aliança eterna [Gn 9.12-17]; além de ter sido citado por Jesus como um dos sinais da segunda vinda [Mt 24.37]. O versículo 10 menciona seus três filhos. Através deles a terra foi repovoada.

VI. Determinação de Deus – V. 12-13
Quando o pecado se torna aberto, o julgamento está próximo. Deus criou o homem santo e o colocou no jardim. Através do pecado o mundo tornou-se uma 'selva'. O julgamento acompanha o pecado assim com as flores acompanham o botão. Como Deus anuncia o fim desde o princípio, através deste trecho da Sua Palavra, podemos ter certeza de que a proliferação do pecado em nossos dias é um prenúncio de que o juízo de Deus está próximo [Is 46.9-10]. Que a misericórdia do Senhor inunde nossas vidas, a ponto de seguirmos o exemplo de Noé e, como ele, preparar uma arca para todos aqueles que estão ao nosso redor.

Édison da Silva Gonçalves é Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Cristo para as Nações, em Uruguaiana-RS.

sábado, 26 de agosto de 2017

O primeiro homicídio

Gn 4


E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse; Alcancei do Senhor um varão. E teve mais a seu irmão Abel.”
         Conhecer aqui não é o ato de se encontrar pela primeira vez, mas ter relações sexuais. (Gn 16.4; Rt 4.13; I Sm 1.19; I Rs 1.4; I Cr 2.21; Mt 1.25).
Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou.”
          Porque Deus não se agradou da oferta de Caim? Não é por ele ter trazido do fruto da terra e seu irmão de animais, pois Deus havia autorizado serem oferecidas tanto uma como outra oferta (Gn 14.18; Lv 1 a 10).
         Os sacrifícios ordenados por Deus eram com ou sem derramamento de sangue. Os com derramamento de sangue eram: o holocausto, os sacrifícios pacíficos, os sacrifícios pelo pecado, os sacrifícios pelo delito e os sacrifícios especiais. Os sem derramamento de sangue constituíam-se de: oblações e libações.
Sacrifícios com derramamento de sangue:
a) O holocausto – o bezerro (ou touro), o cordeiro e a pomba eram oferecidos sobre o altar e totalmente queimados;
b) os sacrifícios pacíficos – somente eram queimadas as partes gordas dos animais, o restante podia ser comido pelos sacerdotes ou pelo povo que estivesse puro;
c) os sacrifícios pelo pecado – os animais eram escolhidos de acordo com o tipo de pecado. As partes gordurosas eram queimadas no altar e o resto fora do arraial. Os sacerdotes podiam comer o resto;
d) os sacrifícios pelo delito - o animal era sempre um carneiro e diferia se o pecado foi cometido com consciência ou não e se houve testemunhas ou não; e
e) os sacrifícios especiais – eram o sacrifício de consagração, do leproso e da vaca ruça.
Sacrifícios sem derramamento de sangue:
a) oblações – eram sacrifícios que acompanhavam os sacrifícios de sangue e eram os seguintes: espigas, grão, flor de farinha, pão, bolos, azeite, incenso, vinho. O sal era indispensável a toda oblação.
b) libações – eram o derramamento de um líquido ao solo, em honra à divindade. Geralmente era feito com o vinho.
          A conclusão que chegamos é que Caim ofereceu somente o sacrifício sem derramamento de sangue, que deveria ser o acompanhamento do sacrifício de sangue, senão a oferta ficaria incompleta.

Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. Então o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste? E por que está descaído o teu semblante? Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar. Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou. Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.”
          Para entendermos porque Deus não aceitou a oferta de Caim precisamos consultar 3 passagens da Bíblia. Deus usa de misericórdia com aqueles que usam de misericórdia com o seu próximo - Mt 5.7; Ao mesmo tempo Ele visita até mil gerações daquele que guarda os seus mandamentos - Ex 20.5-6; e Ele está sempre pronto a nos perdoar, se nós confessarmos e deixarmos os nossos pecados - Pv 28.13-14.
          Deus conhece todo o designo do nosso coração. Então ele nos dá a oportunidade de mudar nosso procedimento. Se assim o fizermos alcançaremos o bem Dele. Caso contrário 'o pecado jaz a sua porta, basta você dominá-lo'. Assim disse a Caim. Ele sabia o que estava no coração de Caim desde a fundação do mundo. Mas para manifestar a Sua justiça ele ofereceu a oportunidade de Caim escolher não fazer o que ele iria fazer. Ou pelo menos confessar o que havia feito e pedir perdão. O mesmo aconteceu com Judas (Jo 12.6; 13.2,27).
Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão. Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.”
A maldição dada a Caim foi parecida com a de Adão, entretanto, para ele, que era lavrador, a terra não produziria mais.
Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar. Eis que hoje me lanças da face da terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e vagabundo na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á. O Senhor, porém, lhe disse: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.”
          Caim achou que a punição foi muito severa por aquilo que havia feito, sou seja, ele não se arrependeu. É o que acontece com muitas pessoas que praticam algo que é contrário aos desígnios de Deus, saem da comunidade culpando a forma como foram tratados e até como foram disciplinados. Para Caim houve um sinal para identificá-lo e evitar a sua morte. Para os desviados da presença de Deus hoje só resta o arrependimento e o retorno a Deus, pois mortos eles já estão.
Então saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden. Conheceu Caim a sua mulher, a qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade, e lhe deu o nome do filho, Enoque. A Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.”
           Temos aqui um dos trechos que mais causam discussão entre aqueles que querem colocar dúvida sobre o texto bíblico. De onde surgiu a esposa de Caim? É a pergunta que sempre fazem. Não cabe a nós responder esta questão, mas atentar para o fato de que a ordem de Deus de crescer, multiplicar e encher a terra estava sendo cumprida.
Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zilá. E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. A Zilá também nasceu um filho, Tubal-Caim, fabricante de todo instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de Tubal-Caim foi Naamá.”
          Outra coisa a ser notada é que os primeiros trabalhadores e artistas citados na bíblia eram descendentes de Caim. Entretanto, notamos um certo distanciamento de Deus, pois até então não há notícias da reconciliação ou da sua busca a Deus. A humanidade não mudou. A indústria cresce, a ciência prospera, mas o homem não quer saber de Deus.
Disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zilá, ouvi a minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as minhas palavras; pois matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar. Se Caim há de ser vingado sete vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete vezes.”
          Este trecho é interessante, pois este descendente de Caim é autor da primeira desobediência ao que Deus havia programado para o convívio conjugal. A poligamia de Lameque é uma afronta a Deus. A outra atitude a ser destacada é a sua justificativa de ter cometido dois assassinatos. Segundo a sua opinião houve motivo para assim proceder e ele parece se exaltar de ter feito algo que foi justo se comparado a Caim.
Tornou Adão a conhecer sua mulher, e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.”
Aqui fica patente a postura de Eva em atribuir a Deus a provisão de tudo que eles tinham.
A Sete também nasceu um filho, a quem pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo, que os homens começaram a invocar o nome do Senhor
       Podemos ver a diferença entre os filhos de Adão e Eva e os de Caim. Os primeiros reconheceram seu pecado e, embora tristes, aceitaram a repreensão de Deus. Ensinaram a seus filhos aquilo que deviam fazer para agradar a Deus. Caim não seguiu os ensinamentos e sua descendência seguiu os seus passos. Porém na próxima geração de Sete o nome de Deus começou a ser adorado. Isto deve servir de exemplo para nós, pois Deus está sempre disposto a nos perdoar, basta que reconheçamos nossos erros, peçamos perdão e busquemos abandonar aquela prática que não agrada a Deus.

Édison da Silva Gonçalves é Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Cristo para as Nações, em Uruguaiana-RS.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Adão e Eva foram salvos?



          Para responder esta pergunta que me foi feita no último estudo bíblico na igreja, precisamos saber o que significa ser salvo, segundo a Bíblia (At 16.31). Ser salvo significa nascer de novo, tornar-se filho de Deus (Jo 3.7). Ser salvo também significa receber o perdão dos pecados (Sl 103.3). Ser salvo também significa receber uma nova vida espiritual (II Co 5.17), Ser salvo também significa receber a paz (Jo 14.27; 16.33). Ser salvo também significa ter comunhão com Deus ( I Jo 1.3). 
           A dão e Eva perderam todas estas prerrogativas quando deram ouvidos à voz da serpente e desobedeceram a Deus. Vamos analisar alguns aspectos da salvação e tentar enquadrar os nossos primeiros pais, com o objetivo final de entender a sua real posição hoje e sua influência em nossas vidas.
 
1. a salvação requer- Paulo fala da sua conversão e de como Deus o orientou para que fosse pregar o evangelho aos gentios, para que estes pudessem receber a “remissão dos pecados pela fé em mim” (At 26.15-18). Em Rm 3.10-28, há a explicação de que todos os homens pecaram e, por isso carecem da justiça de Deus. Entretanto, esta só se manifesta pela fé em Jesus Cristo por todos os homens que creem. Quando isto acontece, o homem é justificado pela fé em Deus.
O homem não tem que pagar nada, pois a redenção já foi paga por Cristo, na cruz do Calvário, ao derramar o seu precioso sangue. Ao crer neste sacrifício, o homem alcança a justificação pela fé, sem ter que realizar nenhuma obra prevista na lei de Moisés.
2. a salvação requer arrependimento – em Mt 9.12-13, Cristo fala aos discípulos que queria que eles pregassem, a fim de que os pecadores viessem a arrependerem-se e, ao produzirem frutos de arrependimento (Lc 3.3-8), alcançassem o perdão dos pecados. Haveria festa no céu por apenas 1 (um) que tomasse tal atitude (Lc 15.7). a remissão dos pecados só acontece quando há arrependimento.
O arrependimento deve vir acompanhado do batismo, pois é neste ato que o cristão confessa publicamente que passou a ser uma nova criatura. Fica claro em II Tm 2.25 que o arrependimento é fator primordial para conhecer a verdade que liberta (Jo 8.32).
3. a salvação requer confissão de pecados – em I Jo 1.9 somos ensinados a confessar os nossos pecados, para sermos purificados de toda injustiça. Por haver pecado, o homem se afastou de Deus e, por isso, carece de sua justiça (Rm 3.22-28). Para ter a justiça de Deus novamente a seu favor, o homem precisa crer no sacrifício de Jesus e arrepender-se, para obter a remissão dos pecados e, com o batismo, fazer parte do corpo de Cristo, a igreja. Mas nada disso será possível se não houver o reconhecimento e a confissão de pecados.
Todos os homens pecaram (Rm 3.23). Não existe um só que seja livre disso (Rm 3.10). E aquele que diz não ter pecado, torna Jesus mentiroso (I Jo 1.10). Por isso precisamos confessar nossos pecados, não ao Pastor ou a qualquer pessoa, mas pra Deus e crer que ele nos perdoará e lançará os nossos pecados no ‘mar do esquecimento’ (Mq 7.18-19).
4. a salvação requer o perdão dos pecados – em Rm 4.7-8, o autor da carta comemora a felicidade daqueles que tem os seus pecados apagados. E em Is 53.5, nos confirma que foi pela morte de Cristo que nossas iniquidades foram perdoadas e todas as feridas saradas, sejam físicas ou espirituais. Tudo isso o homem conquista pela fé, com arrependimento e confissão de pecados. Atrelado ao perdão de Deus está o nosso perdão a aqueles que nos ofenderam em algum momento (Mt 6.12). Porque como queremos ter o perdão de Deus se nós não somos capazes de perdoar?
Respondendo a pergunta sobre Adão ter obtido a salvação:
1. a salvação requer fé - Adão e Eva não conheciam o pecado. Quando isto ocorreu, a primeira coisa que aconteceu foi eles enxergarem a sua verdadeira condição de nudez (Ap 3.17). Da mesma forma que eles, muitos pensam que sempre terão tudo, entretanto essa provisão vem somente de Deus.
          Adão e Eva não necessitavam de nada; da mesma forma que Deus disse que supriria todas as suas necessidades, disse também que eles morreriam, caso comessem da árvore proibida. Adão creu no que Deus era capaz de fazer para suprir suas necessidades, mas não teve conseguiu contagiar a sua companheira com fé suficiente para crer no que poderia acontecer se desobedecessem. Em algum momento nossa fé tem de influenciar as pessoas a nossa volta.
2. a salvação requer arrependimento - O arrependimento aconteceu no momento em que eles se reconheceram nus (Gn 3.7). É a sensação que qualquer pessoa correta sente ao perceber que errou: o chão parece que se abre aos seus pés. Um misto de tristeza e solidão acompanham todo aquele que comete pecado e sabe que errou. Adão procurou esconder-se com sua mulher, tamanho era o seu desapontamento consigo mesmo (Gn 3.8). Mas de Deus ninguém se esconde (Sl 139.7-10). O melhor a fazer é reconhecer e não pecar mais, mudar de atitude (I Jo 3.6). Foi o que Adão fez. Saiu de seu esconderijo e enfrentou as consequências do seu ato. E esta sua saída foi atendendo a um chamado de Deus, que continua até o dia de hoje a todo pecador, pois Ele sabe que é a única maneira de reconciliação.
3. a salvação requer confissão de pecados - A atitude inicial de Adão e Eva em se esconderem estava relacionada à novidade da situação provocada pelo pecado. Não havia nenhuma experiência anterior que pudesse determinar a eles o certo a fazer em tais casos. Entendendo isso, Deus tratou de ensiná-los o que fazer. A primeira coisa é não se esconder. De Deus ninguém se esconde. Então, assim que pecamos, devemos nos apresentar imediatamente confessando nossos pecados recém cometidos.
          A palavra de Deus relata que todos os dias Deus visitava Adão, por ocasião da viração do dia. Neste dia, por estar escondido Deus precisou procurar por ele (Gn 3.8). Embora saibamos que não podemos nos esconder, Adão não sabia e Deus precisou mostrar isso a ele e também a Eva. Quando os encontrou houve a confrontação em relação ao ato praticado em desobediência ao que Deus havia determinado. O mais importante a ressaltar foi que Adão não negou o ocorrido, mas não admitiu ser o agente e sim o paciente da ação, já que foi Eva quem o fez comer o fruto (Gn 3.9-12).
          Deus mostrou para eles a necessidade de contarmos as nossas transgressões com a nossa própria boca. Isso demonstra que somos falhos e dependemos do perdão de Deus para reatarmos nossa relação com Ele ( I Jo 1.9).
4. a salvação requer o perdão dos pecados - O decreto de Deus em relação à desobediência seria a morte de quem desobedecesse. Adão e Eva morreriam no dia em que tomassem do fruto proibido para comer (Gn 2.16-17). Esta morte não foi esclarecida se seria espiritual ou física. A morte espiritual não passava na cabeça deles, pois seria inadmissível viver sem Deus. Acredito que eles pensavam que morreriam fisicamente, tão logo provassem do fruto. Entretanto isso não aconteceu e o que perceberam foi a sua nudez. Talvez eles pensassem que a morte os privaria de permanecer no jardim, mas ainda assim estariam com Deus. Nada disso se concretizou e o que eles perderam foi a comunhão com Deus.
           Quem morreu foi um animal e a sua pele serviu para que Deus cobrisse a sua nudez (Gn 3.21). Deus mostrou para eles a origem de todo o cerimonial de sacrifício de animais, a fim de que o perdão dos pecados fosse concedido ao homem. Isso apontava para Cristo, o nosso Cordeiro pascal e, ao mesmo tempo, ensinava ao homem que nada do que ele fizesse poderia tornar a ter a mesma comunhão inicial com o Pai. Somente em Jesus teríamos essa bênção novamente (Is 61.10; Rm 6.23).
           Para responder à pergunta inicial precisamos entender como funciona o processo de salvação: ao homem está decretado morrer em seus delitos e pecados (Ef 2.1) e viver uma vida eterna sem Deus, a não ser reconheça que é pecador, confesse seus pecados e aceite que o sacrifício de Cristo Jesus é o único suficiente para que seus pecados sejam perdoados (I Jo 1.9). Ao fazer isso ele encontra o perdão de Deus, terá de conviver com as consequências dos seus atos, mas terá a garantia de morar eternamente com Deus, quando sua passagem pela Terra terminar ou ser arrebatado por Cristo (II Co 5.21).
           Acredito que Adão e Eva estejam na mesma situação de todos os homens e mulheres do antigo testamento. Eles admitiram a sua culpa, creram que somente o sacrifício por sangue os livraria do castigo do pecado, realizaram sacrifícios de animais, para substituir as suas próprias vidas e, principalmente, creram que a profecia de Gn 3.15 aconteceria um dia e, de uma vez por todas, ficariam livres do pecado e tornariam a ter comunhão perfeita com Deus. E o mais importante foi o que passara para seus filhos como ensinamento (Gn 4.3-4). 
           Neste sentido Adão aguarda a redenção final e eterna de todos os homens e, naquele grande dia, ressuscitará primeiro, junto a todos os santos que morreram crendo em Cristo, ou na promessa dele. (I Ts 4.13-17) Acredito que chegaremos lá e nos encontraremos, pois como ele convivemos com as consequências do pecado, mas não estamos mais na situação de escravos dele e em Cristo temos novamente comunhão com Deus (I Jo 1.3).

Édison da Silva Gonçalves é Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Cristo para as Nações, em Uruguaiana-RS.  

domingo, 9 de julho de 2017

A CEIA DO SENHOR

I Co 11.17-34

     v. 17-18 – nestes versículos o apóstolo Paulo alerta aos coríntios que as suas reuniões não são para uma coisa boa e nisto eles foram reprovados e não são merecedores de elogios. Esta atitude dele foi porque alguém da comunidade informou a existência de divisões dentro da igreja.

     v. 19 – Paulo fala que as divisões em certo sentido é boa, pois é através dela que aqueles que são verdadeiros cristãos são diferenciados daqueles que só aparentam serem crentes.

     v. 20-22 – quando os cristãos primitivos se reuniam para celebrar a comunhão era costume realizar uma refeição comunitária em conjunto com a celebração da Ceia do Senhor. O Apóstolo fala que a reunião da ceia deveria ser celebrada como um exemplo de união, porém as pessoas estavam preocupadas apenas em se alimentar e parece que os mais abastados esqueciam dos mais pobres e comiam o melhor da festa sim se importar com quem viesse depois. Havia um total descaso com o outro. Ninguém se preocupava com o ‘bem-estar’ coletivo, apenas com o encher a sua própria barriga. Ele alerta que para encher a barriga era em suas próprias casas que isso deveria ocorrer. E isto ele estava reprovando dos coríntios.

    v. 23-25 – nestes versículos ele começa enfatizando que o que ele ensinava teria recebido diretamente do Senhor, portanto tinha a máxima autoridade para orientar a qualquer um sobre a ceia. E então passa a recordar o que aconteceu na noite da ceia, embora ele não estivesse presente, pode ter recebido as informações diretamente de quem esteve presente no local. Isso não seria nenhum problema, considerando que essa carta foi escrita apenas mais ou menos 20 anos após os eventos ocorridos.

     v. 26 – ele fala do objetivo da cerimônia que é ‘anunciar a morte do Senhor até que Ele venha’. Este anúncio é feito através do próprio ato de comer o pão e beber o vinho. O pão significa o corpo de Cristo que foi morto na cruz e o vinho o Seu sangue que, da mesma forma, foi derramado para a remissão dos pecados.

    v. 27-29 – ele trata das consequências de comer o pão e beber o vinho com indignidade. Indignidade é uma ação injuriosa ou afrontiva. Quem é indigno é ordinário, inconveniente e desprezível. Na esfera jurídica o significado da indignidade são mais fortes e abrangentes que na linguagem comum. No direito brasileiro uma indignidade é causa de deserdação, a exclusão do herdeiro de receber sua herança. A expressão ‘réu do corpo e do sangue do Senhor’ fala da possibilidade de sofrer julgamento aquele que assim proceder. Em algumas traduções é dito ‘culpado do corpo e do sangue do Senhor’, ou seja, deixa de ser réu e já está condenado.

     v. 28 – por isso a necessidade do exame individual antes de participar da ceia. E após ao exame, não deixar de participar. Nenhum pecado é tão grave que impeça qualquer pessoa de tomar da ceia. O importante é que neste exame haja o reconhecimento da culpa, o pedido de perdão e a fé de que foi perdoado. Esta expressão ‘examine-se’ traz uma ideia de que ao final do processo, a pessoa se sinta aprovada. Então diante disso ela tenha plena capacidade de participar normalmente da cerimônia. Esta ideia de aprovação vem do grego ‘dokimós’ , que é a mesma palavra que Paulo usa em II Tm 2.15, com respeito de como deveria ser aquele que almeja o ministério pastoral. Os dokimós eram homens que trabalhavam na conferência do peso das moedas, atestando que não houve adulteração e que continham o valor nelas especificados. Eles utilizavam balanças para pesar o dinheiro e com o resultado do peso sabiam se houve ou não falsificação. Estes homens ficavam acima de qualquer suspeita e eram escolhidos ‘a dedo’ e gozavam da maior confiança seja dos banqueiros seja da população em geral. Eram homens dignos, aprovados.

     v. 29-30 – por isso a necessidade de ‘comer discernindo o corpo’. Este é o versículo chave das instruções para a ceia. O que nos faz diferentes de qualquer religião, é termos um Deus que é a cabeça e nós o seu corpo. Quando Paulo inicia a fala aos coríntios, ele reprova a atitude deles de não serem corpo, ou seja, não agirem em união. Quando eu como o pão, torno-me um com ele; nos unimos. Quando todos comemos do mesmo pão, nos tornamos um com o pão e entre nós. Se o pão representa o corpo de Cristo, significa que estamos nos tornando um com Ele, simbolicamente. Esta é a chave da participação: pelas feridas sofridas por Cristo na cruz, eu fui sarado (Is 53.4-5). Não há mais condenação para os que estão com Cristo (Rm 8.1). A questão de ser aprovado não está ligada ao fato de termos ou não cometido pecados, ou termos ou não confessado estes pecados. Porque aquele que está em cristo é nova criatura (II Co 5.17). E por ser nova criatura não vive pecando (I Jo 3.6). A questão está em saber qual é a minha função no corpo. Entender que eu sou importante para o andamento do corpo. E a participação na ceia é a celebração desta comunhão do corpo. Cada membro deve entender e discernir isso, pois o julgamento ou a sentença não trazem uma condenação de perda da salvação, mas de castigos temporários como doenças e até mesmo a morte prematura.

     v. 31-32 – atesta a necessidade de alto exame, pois assim evitaríamos o julgamento tanto dos outros homens como do próprio Deus. Entretanto, ao sermos julgados por Deus, somos disciplinados por Ele. Pois somos seus filhos, herdeiros da promessa. E Ele nos quer bem.

      v. 33-34 – este é o coroamento da instrução do apóstolo: ‘esperai uns pelos outros’. O que motivou a orientação foi exatamente a falta de companheirismo dos coríntios na ministração da ceia. Mesmo que em forma de banquete. Se eles comecem em comunhão não haveria problemas, mas ao desprezarem os mais pobres eles estavam fazendo acepção de pessoas. E isso para Deus não é admissível, pois Jesus Cristo morreu para todos; seu corpo foi moído por todos igualmente; seu sangue foi vertido igualmente por todos; então a participação na cerimônia que celebra este Seu sacrifício por todos e anuncia a Sua 2ª vinda para todos aqueles que o amam, deve ser discernida e participada por todos em comunhão. Se o objetivo é um jantar de confraternização, façamos em nossas casas, ou marquemos um dia diferente da Ceia do Senhor.

Édison da Silva Gonçalves é Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Cristo para as Nações, em Uruguaiana-RS.