quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Os dias antes do dilúvio
Gênesis 6.1-13

Introdução – Este trecho traz um relato das condições que levaram ao dilúvio. Aqueles dias se assemelhavam com a época em que nós vivemos hoje.

I. O sal se tornou insípido – v. 1-2
O povo de Deus é a força que preserva os valores em uma sociedade [Mt 5.13]. Quando os que professam ser santos começam a perder e a comprometer seu testemunho, os tempos se tornam desesperadores. Isto é o que ocorreu antes do dilúvio. Em Gênesis 4, percebe-se que os descendentes de Caim, embora se destacassem em algumas áreas da cultura, desviaram-se mais e mais de Deus e daquilo que era correto. Em Gênesis 4.26 nota-se que nos dias de Enos eles se separaram para a adoração pública. Eles foram o sal da terra. Por isso, em Gênesis 5.6-32, a lista dos descendentes de Sete mostra que a maioria deles era temente a Deus.
O triste relato da decadência espiritual da humanidade daquela época, teve início quando eles começaram a se casar somente com base na atração física [Gn 6.1-2]. Em todas as épocas. Deus tem pedido ao seu povo que somente se casem com aqueles que servem da mesma maneira ao Deus verdadeiro. Isto é para o conforto e crescimento espiritual deles, como também para benefício de suas crianças [Deuteronômio 7.2-4; Êxodo 34.14-16; I Coríntios 7.39; II Coríntios 6.14].
Alguns estudiosos consideram que os filhos de Deus aqui retratados seriam anjos caídos que se relacionaram com as filhas dos homens, mas esta teoria contraria o que diz Mc 12.25, pois Jesus ensina que, na ressurreição, nós seremos como os anjos. E como estes não mudaram sua essência desde a criação, não procede crer que foram eles que coabitaram com as filhas dos homens antes do dilúvio.
Também precisamos considerar o contexto da narrativa, que está falando de dois tipos de pessoas, os descendentes de Caim [filhos dos homens] e os descendentes de Sete [filhos de Deus].

II. As condições do homem – v. 3-5
A – O estado do homem antes do dilúvio – Dt 31.18; Sl 44.23-24; Is 1.15; 59.2; 64.7; Ez 39.23; Mq 3.4.
O fato do homem desobedecer as ordenanças resultou na recusa de Deus em continuar a agir preventivamente na vida humana. Era um aviso às próximas gerações de que a entrega às suas paixões levaria o homem a sofrer o castigo divino. Eles possuíam Noé, como pregoeiro da salvação, mas preferiram não dar ouvidos a ele [II Pe 2.5]. O decreto de abreviar os anos vividos pelo ser humano foi implantado e, a partir dali, o homem conta com esse período de vida para se arrepender. Eles ignoraram e sofreram a condenação do dilúvio.
O versículo 4 comprova que os gigantes andavam pela terra [Gn 14.5; Nm 13.22,28,33; Dt 1.28; 2.10-11; 9.2; Js 11.21-22; I Sm 17.4; II Sm 21.16]. Estes homens duraram até o tempo de Davi.
Os filhos dos casamentos mistos se tornaram famosos na sociedade, mas não diante de Deus. As pessoas casavam e davam-se em casamento, porém as coisas de Deus acabavam ficando em segundo plano.
O versículo 5 revela que a mente dos homens tornou-se um esgoto do pecado. Aliás, a corrupção do homem após o pecado, diferentemente do que muitos acreditam, o tornou intimamente mau [Gn 8.21].
B – Os dias de Noé hoje – Lc 17.26.
Nosso Senhor apontou que as características da vida antes do dilúvio reapareceriam antes da Sua segunda vinda. Tendo em vista as condições atuais, isto nos instiga a olharmos para a vinda de Cristo. Muitos ignoram os avisos que a igreja tem dado, agindo por suas próprias consciências, recusando-se a tirar proveito da maravilhosa misericórdia de Deus. Coisa semelhante acontece nos dias de hoje. Note as características mencionadas.

  1. Preocupação com o prazer físico – Lc 17.27;
  2. Explosão do conhecimento – Gn 4.22;
  3. Atitudes materialistas – Lc17.28;
  4. Rejeição à palavra de Deus – I Pe 3.19;
  5. Aumento da população – Gn 6.1 e 11;
  6. Propagação da violência – Gn 6.11-13;
  7. Atividade sexual ilícita – Gn 4.19;
  8. Disseminação da blasfêmia – Jd 15.

III – O arrependimento de Deus – v. 6-7
O versículo 6 nos diz que Deus se arrependeu ou mudou sua vontade a respeito da criação do homem. É claro que isto é linguagem de antropomórfica, ou seja, Deus está falando como se fosse homem. Estritamente falando, Deus nunca muda Sua vontade, pois Seus planos são eternos e imutáveis [I Sm 15.29; Rm 11.29].
Esta forma de linguagem é usada para nos ajudar a entender a mudança que ocorreu no homem desde a criação, bem como a ira de Deus sobre o seu pecado. Mesmo Deus tendo criado o homem, Ele deve julgá-lo pelos seus pecados. E como Ele falou pelo profeta Jeremias, o seu julgamento está condicionado a atitude do homem em se arrepender ou não do que houver feito de mau contra Deus. O 'fazer desaparecer' do versículo 7 tem a ver com a forma que Deus quer tratar com o homem; obediência gera bênção, desobediência gera maldição [Dt 28.63; 29.20]. o arrependimento de Deus está condicionado em ver que o homem mudou depois do pecado, a tal ponto que não tem outra solução a não ser a morte.

IV. A graça – v. 8
Aqui temos a primeira menção da graça na Bíblia. Ela ocorre durante a época da maior depravação do homem [Rm 5.20-21]. A graça de Deus pode parecer muito restrita aqui, mas vamos lembrar que através deste único homem, a raça humana foi preservada. Muitos, quando leem o versículo 8, veem somente a justiça de Deus em não destruir um homem justo juntamente com o ímpio. Entretanto, isto está longe do significado da graça. Na verdade, Noé era um homem justo [v.6], mas lembre-se de que foi a graça de Deus que o fez assim [I Co 15.10], ou seja, ele foi um escolhido de Deus para a realização desta obra. [Fl 2.13; I Co 12.6; Ef 1.5]

V. A família de Noé – v. 9-10
As Escrituras nos dão algumas informações a respeito de Noé. Ela nos fala de sua vida justa e de seu caminhar com Deus [v. 8-12]; sua obediência quando recebeu uma tarefa [v. 14,22; 7.5]; foi lembrado Deus e salvo da morte [Gn 8.1]; trabalhou pela fé por sua salvação [Hb 11.7]; advertiu seus vizinhos acerca do juízo [I Pe 2.5]; edificou o primeiro altar de que há registro [Gn 8.20]; e foi honrado pelo Senhor com uma aliança eterna [Gn 9.12-17]; além de ter sido citado por Jesus como um dos sinais da segunda vinda [Mt 24.37]. O versículo 10 menciona seus três filhos. Através deles a terra foi repovoada.

VI. Determinação de Deus – V. 12-13
Quando o pecado se torna aberto, o julgamento está próximo. Deus criou o homem santo e o colocou no jardim. Através do pecado o mundo tornou-se uma 'selva'. O julgamento acompanha o pecado assim com as flores acompanham o botão. Como Deus anuncia o fim desde o princípio, através deste trecho da Sua Palavra, podemos ter certeza de que a proliferação do pecado em nossos dias é um prenúncio de que o juízo de Deus está próximo [Is 46.9-10]. Que a misericórdia do Senhor inunde nossas vidas, a ponto de seguirmos o exemplo de Noé e, como ele, preparar uma arca para todos aqueles que estão ao nosso redor.

Édison da Silva Gonçalves é Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Cristo para as Nações, em Uruguaiana-RS.

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