terça-feira, 21 de abril de 2020

A ALMA MORRE?


 A ALMA MORRE?


          A confissão de fé de Westminster, escrita no século 17 declara, em parte: “O corpo dos homens depois de morrer volta ao pó, e vê a corrupção; mas as suas almas (que nunca morrem nem dormem), têm uma subsistência imortal, retornam imediatamente a Deus que as deu. As almas dos justos, tornadas perfeitas em santidade são recebi- das nos altos céus, onde contemplam a face de Deus em luz e glória; aguardando a completa redenção dos seus corpos.”
          Mas, encontramos este conceito na Bíblia? Declaram as Escrituras que os justos vão para o céu quando morrem?
          David, o rei de Israel e autor de muitos dos Salmos, e a quem Deus designou como “varão conforme o meu coração” (Actos 13:22), não foi para o céu quando morreu; acerca desta realidade e sob inspiração de Deus, o apóstolo Pedro escreveu: “Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura” (Actos 2:29); e acrescentou: “David não subiu aos céus” (versículo 3).
          
          Em Jo 5.26-29 encontramos que haverá um dia em que aqueles que estão nas sepulturas ouvirão a voz de Cristo e sairão, uns para a ressurreição da vida e outros para a ressurreição do juízo. Bom, se ouvirão, significa que não estão mortos, pois um morto não ouve nada, não fala nada, não manifesta nenhuma vontade.
          
          Em I Pe 3.18-20 encontramos que Jesus após a sua morte foi pregar aos espíritos em prisão, aqueles que desobedeceram no período que Deus deu para arrependimento enquanto Noé preparava a arca. Ou seja, se ouviram a pregação de Jesus, estavam vivos ou mortos?
Em Lc 16.19-31 encontramos a “parábola” do rico e o Lázaro, quando percebemos que estão em plena consciência depois de terem morrido.
        
          Podemos concluir essa parte dizendo que foram mortos sim; seus corpos estão na sepultura sim; mas suas almas estão vivas, conscientes e aguardando o juízo. Hb 9.27-28 E aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.
          
          David foi incluído pelo autor da epístola aos Hebreus, entre os que morreram na fé (Hebreus 11:32); sendo um de quem está escrito: “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa” (versículo 39).
          O próprio Jesus, falando cerca de mil anos depois da morte de David, disse: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem ... ” (João 3:13). Isto significa que Abraão, Moisés, David, os profetas e todos os outros homens e mulheres justos que viveram antes da primeira vinda de Cristo não foram para o céu; foram sepultados como o foi David.

          Entretanto em Mt 22.32 ao responder aos saduceus, a respeito de quem seria o esposo da mulher que possuiu 7 maridos, Jesus respondeu que Deus é um Deus de vivos e não de mortos, ao citar a referência de Êxodo, quando Deus se apresentou a Moisés, sendo o Deus de Abraão, Isac e Jacó.

          Realmente eles não foram para o céu, senão Cristo seria mentiroso em Jo 3.13. porém eles estavam vivos.

          O conceito de que a alma vai para o céu quando uma pessoa morre – ainda que mantido por muitas pessoas de boa fé – não encontra fundamento na Bíblia; resulta, isso sim, da falta de entendimento das Escrituras e muita confusão sobre o ensino nelas contido a respeito da ressurreição.

          O problema não é só esse!  Acontece que no antigo testamento o conceito de alma e corpo difere do novo testamento. No AT alma e corpo são matérias: o corpo é feito do pó da terra (Gn 2.7) e a alma de toda carne está no sangue (Lv 17.11). Então veio a proibição de comer sangue, porque no sangue estava a vida do ser. Portanto eles acreditavam que ao morrer o corpo e o sangue ser derramado a alma também morria. Inclusive esta questão de a alma morrer está bem claro em Ez 18.20 “A alma que pecar, essa morrerá...” 

          Mas precisamos entender que a palavra usada para traduzir por alma, no AT tem sentido polissêmico, ou seja, ora está falando de pessoas, de espírito, de ser etc. Não há uma definição quanto ao seu real significado. Para isso é necessário investigar o contexto em que está sendo utilizada a palavra. No caso de Ezequiel está falando claramente que é a ‘pessoa’ que pecar quem vai morrer.

          Outra ideia que era comum no AT é de que o corpo era uma prisão da alma. Teoria vinda do platonismo que impregnou a cultura da época e influenciou a crença de que a alma e o espírito eram a mesma coisa. Por isso Sócrates tomou veneno para morrer e estava feliz em, finalmente, ter a sua alma liberta. Este conceito é totalmente antibíblico.

          Por outro lado, no AT espírito era considerada uma influência que vinha sobre alguém. Da mesma forma que alma, a palavra traduzida por espírito tinha o sentido de vento, sopro, mover etc. Que não traduz de forma clara o seu significado real, só pelo contexto.

          Contudo, em Ef 2.20 encontramos que devemos estar “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”, ou seja, o fundamento de nossa teologia tem que estar primeiro nos apóstolos, depois nos profetas, e todos baseados nos ensinos de Jesus.

          No NT encontramos o conceito de corpo, alma e espírito sendo desmistificado e explicado corretamente: em I Ts 5.23 há uma clara separação entre os três, e todos devem estar irrepreensíveis quando da vinda do Senhor. E a base do ensino de Cristo encontramos no episódio da cruz, quando o ladrão recebe a promessa de que estaria ‘hoje’ com Jesus no paraíso. Se ele iria morrer e o seu corpo sepultado, o que estaria no paraíso?

          A Bíblia ensina que o ‘Sheol’, que foi traduzido para o grego como ‘Hades’, é o lugar dos mortos. Neste lugar, até a morte de Cristo estariam todos os ‘mortos’, separados por um abismo entre os bons e os maus, Lc 16. Quando um cristão morre, não fica sob o poder da morte Sl 49.15, já estão na presença de Deus, aguardando a ressurreição, Ap 6.10. Quando Cristo voltar, os trará consigo e eles ressuscitarão primeiro, enquanto os vivos serão transformados, I Ts 4.13-18. Todos receberão os galardões e estaremos para sempre com Ele, Ap 22.12. Para os que permanecerem no Hades ou Sheol, a ressurreição acontecerá depois do milênio e será seguida da segunda morte, que é o lago de fogo e enxofre, Ap 20.11-15. Detalhe: todos estarão conscientes, tanto os bons como os maus, Mt 25.31-46.

          De fato, quando uma pessoa morre, a sua alma vai direto para o céu?

          Respondendo a esta pergunta temos duas respostas, de acordo com o ensino do NT:
          a.      Sim. Se ela for uma seguidora dos ensinos de Cristo, Sl 49.15; Lc 16.19-31.
                b.     Não. Se ela não for uma seguidora dos ensinos de Cristo, Lc 16.19-31; I Pe 3.18-20.
          Porém precisamos explicar que o céu a que estamos nos referindo ainda não é o lugar definitivo de todos os crentes, pois para entrar lá é necessário o corpo, e este só receberemos na ressurreição. Este céu é um estado intermediário, onde já podemos experimentar as bençãos eternas, mas ainda não em plenitude; da mesma forma que os ímpios, neste estado intermediário, já experimentarão tormentos, mais ainda não em plenitude, Lc 16.23.

          E sempre lembrando que estamos analisando dentro da nossa perspectiva do Cronos, ou a cronologia de antes e depois. Após a morte entraremos no tempo Kairós, ou seja, sem antes e depois. Será um eterno já! ! !

Édison da Silva Gonçalves é Psicanalista, Bacharel em Teologia, Pastor e Professor do Seminário Teológico Bispo José Alfredo e do Seminário da Igreja Evangélica da Vila Militar, no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

ELE É DIGNO!!!

Ap 5.12

Os capítulos 4 e 5 do livro do Apocalipse revelam o que o autor, que segundo a tradição é o apóstolo João, viu quando foi arrebatado em visão aos céus. Ele chega e v~e alguém sentado no trono, porém ele não consegue identificar o rosto daquele que está sentado, pois o brilho tão forte, que ofusca a sua vista, e ele compara este brilho ao brilho de pedras preciosas. Na mão daquele que está sentado no trono está um livro e um anjo está perguntando quem é digno de abrir o livro. E dia o autor que neste momento ele começou a chorar, pois não foi achado ninguém no céu, na terra e nem embaixo da terra alguém que fosse digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. Entretanto um dos anciãos consolou o apóstolo dizendo que 'o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi havia vencido e estava apto para abrir o livro. Então Ele se apresenta, toma o livro da mão direita daquele que está assentado no trono e quando isso acontece todos os seres que estavam ao redor do trono se prostram em adoração e começam a cantar um hino. E o hino que eles cantavam era de pura adoração a Cordeiro que venceu, que foi morto, mas ressuscitou e, por isso, é merecedor de receber o poder, a riqueza, e  sabedoria, e  força, e honra, e glória, e louvor. E no final do cântico todos responderam AMÉM. 
Esse ato de abrir o livro, eu entendo que seja o controle exercido nos destinos da humanidade. por isso não devemos entrar em desespero, ansiedade, depressão, pois tudo está no controle daquele que é digno abrir o livro. Para nós resta cumprir o que está no versículo 13 e ao final dizer um grande e sonoro AMÉM